O pão está a deixá-lo doente?
Uma história edificante
No início do
Século XX o Daily Mail fez uma campanha para melhorar o pão britânico.
No
seguimento, um grupo de oito médicos eminentes assinou um 'Manifesto' pedindo
que o governo produzisse legislação sobre um padrão de pão, já que o pão
branco, com "qualidades nutritivas inferiores", era a única coisa que
as crianças mais pobres tinham para comer.
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O rei,
George V, pediu então que o "pão padrão" passasse a ser fornecido à
casa real.
No final de Outubro
de 1911, o jornal anunciou "O Triunfo do Pão Padrão” e foi então
oficialmente reconhecido que o pão padrão tinha beneficiado a saúde da
nação.
Na Segunda
Guerra Mundial o pão branco foi totalmente proibido. Como resultado, após
oito anos de pão integral e racionamento, a nação foi considerada, em 1947, mais
saudável do que em 1939.
Infelizmente
o pão branco foi legalizado de novo no fim da guerra, e as prateleiras dos
supermercados estão hoje cheias de dezenas de tipos diferentes de pão, que
representam mais de 50% do pão vendido.
E agora?
Hoje a investigação
médica e nutricional está convencida de que os modernos métodos industriais de
panificação podem estar por detrás do aumento extraordinário de doenças
digestivas, como a intolerância ao glúten e a doença celíaca. Há um monte
de lixo no pão produzido em massa nos dias de hoje, mesmo no suposto pão
"saudável".
Os
historiadores do pão lamentam o dia do ano de 1961 em que o processo de
cozimento Chorleywood (CBP) foi introduzido. Neste processo são feitos
malabarismos com produtos químicos e tipos de farinha e é adicionada três vezes
mais levedura do que tradicionalmente, misturando depois tudo a alta
velocidade. Com isto consegue-se um pão em poucas horas, 40 por cento mais
macio que os pães anteriores e que dura mais tempo.
A acusação
mais significativa contra este processo é que, aumentando o elemento levedura,
pode ter sido dado origem à doença digestiva moderna relacionada com o pão, dificultando
a tarefa ao microbioma intestinal que nos ajuda a quebrar a comida.
Mais
preocupantes são as enzimas usadas, que não precisam de ser declaradas nas
listas de ingredientes porque são 'auxiliares
de processamento'. Uma das mais comuns, a amilase, é conhecida por causar
asma, uma doença comum entre os padeiros. Outras foram ligadas a doenças
do intestino, como a doença celíaca.
À semelhança
do forte movimento de opinião existente no Reino Unido, deveríamos exigir que o
governo dê ao pão o mesmo tipo de protecção que dá à manteiga, para que
qualquer fabricante que queira usar aditivos tenha que criar outro nome para o
pão.
Não deveria ser legal chamar pão a essa coisa…
Afinal,
em que ficamos?
Um pão tradicional só precisa
de 4 ingredientes : farinha, água,
sal e fermento, sendo preferível usar fermentos naturais ou massa
fermentada.
Infelizmente, ao comprarmos pão
de padaria industrial, encontramos no rótulo nos ingredientes diversos tipos de
farinha, extractos de malte e/ou de cevada, acidificante, espessante,
emulsionantes, reguladores de acidez, agentes de tratamento da farinha
(enzimas), dextrose (açúcar…), sal refinado…
Mas há também que saber se a
farinha usada não foi branqueada, refinada ou “enriquecida” - o que é
típico na maioria dos pães comerciais de hoje – caso em que o conteúdo
nutricional já foi retirado.
Sabe-se que a farinha branca
enriquecida faz com que o açúcar no sangue aumente, o que pode levar a um aumento
de peso e a uma série de doenças relacionadas com o metabolismo do açúcar.
Por outro lado, os cereais
integrais verdadeiros (aqueles não branqueados, refinados ou enriquecidos) são
densos em nutrientes, satisfazem mais e têm um efeito mais moderado sobre o
açúcar no sangue.
Infelizmente, a informação
expressa no pão embalado nem sempre é confiável. Palavras como multigrão,
grãos integrais e trigo integral aparecem hoje em dia em muitos pães
empacotados, e isso é muito enganador. O pão autêntico de cereais integrais é
naturalmente rico em fibras, porque o germe de trigo e o farelo ainda lá
estão incluídos.
Quando possível, convém então olhar
para o rótulo e fazer um cálculo simples para garantir que os grãos inteiros não
têm aditivos.
Mesmo quando compramos só farinha,
é bom verificar se a proporção de hidratos de carbono em relação à fibra é
igual ou menor a 5 (por exemplo, se dividir 15 gramas de hidratos de carbono
por 3 gramas de fibra, dá um factor 5, o que é aceitável). Numa pesquisa
rápida feita em supermercados, verificamos que a maioria das farinhas excede o factor
5, mas existem algumas que não, pelo que isso poderá ser um critério de
preferência.
Seguir estas regras simples permite
continuar a desfrutar de todos os prazeres do pão sem consequências negativas
para a saúde.
E enquanto não temos o nosso “pão
padrão”, vamos nós próprios estabelecer o nosso padrão de exigência.
Porque um bom pão é fundamental para uma boa saúde.
Se não temos qualidade no pão então opta-se por pouca quantidade só pela manhã. Por vezes a quantidade supera a qualidade.
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